segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Crepúsculo (Twilight) - Crítica

Crepúsculo


(Twlight)
Direção: Catherine Hardwick
Roteiro: Melissa Rosenberg
Gênero: Romance
Origem: EUA
Ano: 2008

É sempre complicado analisar um filme quando há um hyppe enorme sobre ele, ainda mais se considerarmos que se trata de uma adaptação de um best seller juvenil. Ou se espera uma boa adaptação, como foi Harry Potter, ou o completo desastre, como essa adaptação de Twilight.

Antes quero dizer que não li o livro, portanto vou limitar meus comentários sobre a história baseado no roteiro do filme, esperançoso de que o livro ao menos seja mais denso e interessante. Bella Swan é uma jovem que acabara de se mudar para a pequena cidade de Forks e logo se torna popular e faz alguns amigos, embora seja pouco comunicativa e emocionalmente fria. A garota vê-se então envolvida pelo pálido e misterioso Edward Cullen, mesmo que este apresente certa antipatia. Através de alguns acontecimentos, Bella acaba por descobrir que o rapaz é na verdade um vampiro. Edward é do tipo "bonzinho", incapaz de ferir a moça, embora deseje muito provar do sangue dela. Igualmente inofensiva é a família do rapaz, formada pelo médico e sua esposa (ambos vampiros) que adotam outros vampiros mais jovens. Depois de muita enrola, o casal começa a se envolver; e quando estão mais a vontade um com o outro surge a ameaça de um grupo de vampiros que deseja o sangue da garota.

A primeira falha de Crepúsculo é evidentemente seu roteiro capenga. Durante metade da projeção os personagens são apresentados no melhor estilo High School Musical/Malhação. Personagens insossos e muito mais preocupados com a aparência que seus conflitos pessoais (conflitos? espere, personagens desse tipo não têm grandes conflitos internos) infestam os corredores do colégio da cidadezinha. Eles entram e saem de cena sem qualquer marca de personalidade, durante muito tempo pensei estar asisstindo a um clip musical, mas sem música. Até mesmo os personagens principais são pouco interessantes. Bella é meramente uma pessoa que se relaciona bem com os amigos sempre brincalhões; mas ela, parece muito mais careta. Demonstra um fascínio inexplicável pelo morto-vivo, mesmo sem entendermos por quê; nem adianta a velha máxima de amor à primeira vista, um argumento extremamente simplório, já que a moça parece pouco se importar com isso durante as primeiras cenas. A inquietação dela antes de um acidente que a faz pesquisar mais a fundo o rapaz não é plausível. Edward também é pouco inspirador. Não se relaciona com ninguém, não demonstra qualquer particularidade que o torna interessante, além da palidez e do ar antissocial. O mais incrível é que isso deveria levar as pessoas a investigar o jovem e sua família, mas a projeção nos mostra todos os moradores de Forks como verdadeiros débeis-mentais que não ligam para os membros esquálidos da família de Edward. Somente Bella demonstra o mínimo de inteligência e curiosidade em saber mais sobre eles.

Algumas particularidades do roteiro também demonstram a mesma falta de inteligência da roteirista Melissa Rosenberg tal qual as personagens. Essa história da família de vampiros mudar-se para uma cidade pequena onde poucas vezes a luz do sol aparece entre as pesadas nuvens não convence. Afinal, Forks não é o Pólo Sul, e a fotografia do filme é bastante iluminada, embora o aspecto nublado. E que escolha estúpida é essa? Será melhor mesmo viver numa cidade pequena, onde os olhares de todos estão ao redor e as pessoas se metem nas vidas uns dos outros? Ou uma cidade grande é ideal, onde ninguém se importa com ninguém? Por que Edward não consegue ler a mente de Bella? O filme nunca explica. E o que há de diferente no cheiro dela? Feromônio intenso, será? Por que precisam ainda estudar? Edward tem mais de 80 anos, está fadado a ser um adolescente a vida inteira, e não mostra nenhum sinal de revolta ou tristeza em nunca poder atingir a maioridade física. Algo que poderia deixar o personagem tridimensional.

Há momentos hilários em Crepúsculo, como o instante em que um rapaz descendente dos povos "indígenas lupinos" afirma que fizeram um acordo com os vampiros de que não contariam o segredo destes se eles deixassem suas terras, só para momentos depois vermos que uma livraria indígena tem um exemplar sobre vampiros provavelmente escrito pelos descendentes da tribo. Diálogos constrangedores também abundam no filme: - "Nós só bebemos sangue de animais, por isso nos chamamos de vegetarianos"; claro o sangue dos animais é feito de clorofila, e as vacas são hematófagas. Também pérolas como quando Bella é levada por Edward ao topo de uma enorme árvore através do "voo" do vampiro, e incrédula diz: "eu não acredito". Mesmo que antes a moça tenha aceitado sem relutância a declaração de Edward de que era um vampiro de força descomunal, velocidade supersônica e pele de diamante.

A direção de Catherine Hardwick é pífia tanto em composição de planos quanto na condução dos atores. Demonstrando total inabilidade para criar uma cena de romance memorável (ou pelo menos bonita o bastante para enfeitar os trailers), ela desperdiça momentos como o passeio nas árvores ou o enquadramento superior quando o casal está deitado sobre a grama, que poderiam ser sem sombra de dúvidas o esperado momento do beijo. No entanto a diretora prefere enrolar o espectador colocando a ação momentos depois no quarto de Bella. Obviamente a decisão do primeiro beijo acontecer no quarto da moça, de forma afoita, nada convicente e sem ao menos um enquadramento interessante se deu porque a diretora pretende agradar ao público adolescente (meninas) que preferem sonhar com o vampiro envolvendo seu corpo no lugar onde elas dormem. É uma imagem icônica, um símbolo, atende sexualmente ao público; mas é pessimamente trabalhada. Chega a ser tão imbecil que quando Edward beija e agarra a garota, lança-se em seguida contra a parede, temendo que pudesse fazer algum mal a Bella. E segundos depois, deita-se ao lado dela, bem próximo ao pescoço; uma cena quase risível.

O que dizer dos atores? Bem, Crepúsculo é cheio de talentos desperdiçados e atuações medíocres. Alguns até demonstram completo desconforto com a câmera, jamais se tornando convincentes. Kristen Stewart (Bella) é apática e inexpressiva. Embora sua presença no filme seja marcante pela feição do seu rosto triste, jamais temos prova de que Bella seja uma personagem interessante. É inexplicavelmente ridícula a tentativa de se empregar drama no instante em que Bella cria uma discussão com o pai. A atuação da moça não convence e a ação parece deslocada; foi a coisa mais burra do mundo a garota voltar a casa do pai para instantes depois ir embora com uma justificativa no mínimo pueril. Robert Pattinson desenvolve seu personagem com tamanha mediocridade que só temos a impressão que ele é um vampiro por causa da maquiagem. Pior ainda, um vampiro adolescente de muitas décadas que não possui qualquer ambição, desafeto, tristeza, desatino ou luta pessoal. Edward Cullen é praticamente um boneco animado que se apaixona por Bella. O personagem jamais aparenta qualquer sinal de perigo ou frenesi vampírico, mesmo contra seus inimigos. Seria interessante na obra se Edward se demonstrasse alguma ameaça a Bella, tal qual o monstro que ele diz ser; e a jovem vencesse o medo que temos do personagem através da conquista e confiança. Ei, espere! Mas não era esse o argumento do filme, identico por sinal ao relacionamento de A "Bella" e a Fera"? Sim, mas a direção do filme e a mediocridade do ator principal acabam por minar a história. Há cenas tão mal dirigidas que chegam a ser constrangedoras. Reparem a cena quando um colega de Bella conta a verdade sobre a família de Edward quando estão na praia. Há uma brincadeira estúpida com o que parece ser uma cobra, realmente desconfortável para os atores que fazem qualquer coisa. E o momento em que Edward se declara para Bella? Quando o rapaz diz: - "Você é como uma heroína feita para mim" dá vontade de rir.

A parte técnica do longa também não é das melhores. Efeitos especiais datados parecem ter saído de uma série americana como Smallville, tamanha a falta de criatividade em aproveitar as habilidades vampíricas. Me veio à mente cenas interessantes com peripécias das criaturas da noite em outros longas; como o ator que sobe pelas paredes de um túnel em Entrevista com o Vampiro ou o conde Vlad que faz emergir sua sombra que toca os objetos em Drácula de Bram Stoker. E o que há de interessante nas cenas que demonstram as habilidades do vampiro nesse Crepústulo? Hum, deixa eu ver... uma pobre partida de baseball muito mal fotografada, com relâmpagos e saltos no ar, tal qual uma partida de quadriball. Se serve de consolo, o figurino dos adolescentes farão a cabeça de muita gente e a trilha sonora não é das piores, embora careça de um tema principal.

Agora o mais triste de Crepúsculo pode não apenas estar no rotero do flme, mas também na obra de escritora Stephenie Meyer, o completo desprezo pela "mitologia vampírica". Eles são considerados criaturas da noite, mas em Crepúsculo preferem o dia. A luz do sol não os fere, mas revela a pele brilhante como uma joia. Não temem qualquer símbolo religioso ou alho. Parecem realmente felizes, embora sua natureza seja vil e a solidão deveria ser a companheira. Nem mesmo presas os vampiros de Crepúsculo tem. Ora, com um punhado de habilidades interessantes e quase nenhuma fraqueza, qual a desvantagem de ser um vampiro? Em outras obras a solidão, o peso dos anos numa juventude eterna, a autocondenação por viverem de sangue humano ou apenas a dor de nunca mais ver a luz do sol marcam os vampiros como criaturas muito poderosas mas extremamente infelizes. Em Crepúsculo temos a impressão de que o vampirismo não só é a fonte da juventude mas o encontro com a fórmula da felicidade. Annie Rice também desmistificou as criaturas em Entrevista com o Vampiro, mas nos apresentou seres tão tridimensionais em suas dores, angústias e dependências que os mitos religiosos nem se fazem necessários. Crepúsculo nos traz vampiros prontos para trabalharem num comercial de margarina: família feliz reunida ao redor da mesa, embora mais pálidos que o habitual.

O embate final do filme é fraco, e o momento em que a família de Edward aparece (quase fazendo pose) me lembrou a série Power Rangers, faltando apenas a apresentação de cada um e a coreografia. Nos momentos finais notamos com maior carga a falta de empatia entre os atores; Edward não mostra nenhum gesto de carinho ou expressão veridicamente afetuosa para com Bella, que também não tem um olhar apaixonado, mas o mesmo olhar triste e distante de sempre. O que poderia ser uma cena comovente no baile se torna apenas alívio para o espectador cansado. Ainda bem que a diretora Catherine Hardwick não trabalhará no próximo projeto programado para ano que vem. Mas sinceramente, o elenco também poderia não retornar também. Na verdade, é bom que encontrem sérios motivos para uma sequência. Ah, isso eles tem: mais adolescentes na sala de cinema enchendo os bolsos dos produtores, mais preocupados com o rosto dos jovens atores que com suas fracas perfórmances. Crepúsculo prova que o sangue de Bella pode ser poupado, mas o nosso não.

7 comentários:

  1. Olá alex. é com prazer que posto aqui para comentar a sua crítica. Bom, o filme é uma verdadeirra porcaria em relação ao livro. Com certeza no livro tem mais detalhes além de te deixar mais concentrado na historia do que no filme. Stephenie Meyer quis trazer um novo estilo de vampiros, uma nova era, por assim dizer. No entando como consta numa entrevista exclusiva com a autora na revista Capricho, ela diz que quer passar ao leitor uma imagem diferente de vampiros. Digamos que a autora quis abordar o público adolescente, e principalmente feminino para mostrar que os vampiros vivem bem, e podem até ter um romançe com uma humana e ainda por cima, nao se alimentar do sangue de humanos e sim de animais. Concordo com você na parte que diz respeito à violar as lendas vampirescas, o filme nao traz nenhuma emoção dessa fantasia; que por sinal é mutio rica e poderia ser mais aperfeiçoada para o filme. Mas já que no livro não contava com esse tipo de 'clã de vampiros normais' a autora contou com um contrato que nao poderia mudar a historia do livro no filme -apesar de muitas partes do livro serem esquecidas no filme. Como virou uma febre, todos gostam ou aprenderam a gostar. O livro traz mais detalhes que nos deixam perplexos ao ler, que te prende do começo ao fim. Leia o livro alex! bjs adorei a critica.

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  2. Em geral nenhum filme consegue ser tão fiel e tão envolvente ao livro... Mas, eu como amante do best-seller Twilight venho confessar que fiquei realmente triste com o filme, porque os momentos mais esperados pelos leitores do Twilight foram omitidos ou então modificados de tal modo que quase se tornaram irreconhecíveis... O que faz com que a ligação de um fato ao outro não faça sentido nenhum.!
    Mas, aí vai uma dica: pra quem viu o filme primeiro e não gostou... não deixe de ler o livro, sua concepção mudará a partir do primeiro capítulo e pra quem leu para depois assistir (como eu fiz) é torcer para que a adaptação de Lua Nova (New moon) sejaa beeeeem melhor ;)
    Obs: estou esperando mais críticas ein Alex, é sempre um prazer ler sobre o que você pensa...
    beeijos.

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  3. Olá Alex, parabéns pelas críticas! É sempre bom encontrar idéias verdadeiramente inteligentes e desvinculadas de qualquer modismo,e que são pautadas em um conhecimento refinado. Ao ler sua opinião sobre o filme Twlight,não pude deixar de comentar pois ao assistir o filme construir uma opinião semelhante a sua, me decepicionei muito com a maneira com que a história foi abordada, o filme fez a obra parecer um produto capitalista voltado para sociedade consumista, apenas por uma questão de lucro e utilizando-se de recursos medíocres. Concordando com os cometários acima, reafirmo que a obra escrita é infinitamente melhor,e realmente nos prende do início ao fim. A autora abordou o sentimentos humanos como se fossem praticamente surreais e que foram praticamente esmagados pela má adaptação ao cinema e ela deu um novo olhar aos personagens vampiristícos, tornando a obra, de certo ângulo, original e interessante.Apesar do filme ficar muito a desejar, eu recomendo o livro.
    E muito obrigada Alex por dividir conosco as suas opiniões!

    Um abraço.

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  4. Olá Sr. Alex!
    Bem eu gostaria de colocar uma questão...
    Primeiro o eu gostaria de saber se você por algum acaso jah leu o livro? não?
    Oh que pena que não, com toda certeza eu gostaria de afirmar juntamente com vossa senhoria que algumas partes do tal filme são de fato hororosas, mas você enrrolou e disse a mesma coisa várias vezes.
    Quanto a esse negócio aí da demora do beijo, ora por favor tenha a santa paciência, caso o senhor não tenha obtido essa informação o público alvo do fime SÃO GAROTAS!!( justamente por esse motivo o beijo ocorre no quarto, por que é especialmente o lugar onde as garotas ás quais o fime é destinado, imaginam ser onde elas seriam vizitadas por um vampiro.E que vampiro!) .
    Outra coisa as abilidades dos vampiros no jogo de baseball, são realmente muito boas, eu achei a melhor cena, agora comparar com Harry Potter? ah faça me o favor neh!!!
    Mais uma perguntinha básica, o senhor por acaso é diretor? è roteirista? è ator?
    Bem quanto á isso não sei pois não lhe conheço,
    mas creio que se fosse um filme de terror ai sim seria mesmo muito capenga mas o filme é de ROMANCEE.
    O Edward Cullen, bem é exatamente como eu imaginava ser um vampiro, pálido e muuito lindo, agora se a natureza não foi tão favorável com vossa senhoria e não pode te dar tanta beleza assim que isso te causa preconceitos, bem então eu sinto muito por você.
    Ele demostra sim amor por Bella e é exatamente porisso que ele não é capaz de feri la, exatamente porisso que Bella se torna fascinada por Edward, por que o amor dos dois é uma caractrística que os redime.
    Ai ai é cada uma que me aparece viuh!!!
    By: Meu eu fictício
    ------------- ^
    Perdão mmas esse meu lado/
    /

    É um tanto defensivo quanto a coisas que gosta.
    bem voltando ao normal aki bem é o que eu penso.
    Obrigado Sr. até uma próxima crítica.

    De: Bianca Borges

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  5. Concordo com alex esse filme não ficou bom e adorei ver o seu ponto de vista sobre a história, apezar q eu goste muito do livro, mas foi ótimas suas críticas q me fez ver o crepúsculo com outros olhos.

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  6. Olá, senhor Alex Rocha!
    Bom, primeiro eu gostaria de comunicar-lhe que você é muito irritante. Eu duvido que algum dia você faça tanto sucesso como a Stephanie Meyer. E duvido também que consiga dirigir ou rotular um filme que faça tanto sucesso como essa saga. Você se precipitou demais ao criticar o Edward Cullen, pois você nunca chegará ao pó que tem de baixo da unha dele, não posso te culpar por ser desprovido de beleza, mas olhando a sua foto, vi que seu sorriso é muito carismático, bem... espero que você entenda a irônia. E não gostei de ter criticado a Bella, pois ela representa muitas garotas de hoje em dia, inseguras de si e procurando um verdadeiro amor, o que eu suponho que você não tenha. E como assim que no relacionamento deles dois não existe amor? Você não sabe o quê é amar incondicionalmente, eles se amam e isso é o quê importa, pois o amor não vê popularidade ou aparência física, e sim o coração. E por que comparar com High School Musical ou Harry Potter? São histórias completamente diferentes. E se você não gostou do filme, por favor, vire roteirista, e faça um roteiro melhor. Se não gostou da atuação, vire ator e atue melhor. Se não gostou da história, vire um escritor melhor do que você é, e escreva um Best-Seller que faça mais sucesso que esse. Não leve para o lado pessoal, mas você é muito chato. Beijinho, beijinho, Gossip Girl.

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  7. CRÍTICOS INCOMPETENTES SÓ SABEM ENCONTRAR ERRO EM FILMES NÃO CONSIDERADOS OBRA-PRIMA CINEMATOGRÁFICAS. APONTE ERROS TÉCNICOS, AMADOR.

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